EXPLORANDO AS CINCO PRINCIPAIS MODALIDADES DE INVESTIMENTO EM STARTUPS

por Igor Búrigo, Amanda Nunes e Amanda Zanatta

Introdução

Nos últimos anos, o ecossistema de startups no Brasil tem experimentado um crescimento vertiginoso, consolidando-se como um dos mais dinâmicos e promissores do mundo. Atualmente, o Brasil possui cerca de 13 mil startups, número que cresce todos os anos pelo trabalho de empreendedores e empreendedoras visionárias, que têm trazido inovação a diversos setores, desafiando paradigmas e gerando impacto econômico significativo.

Nesse contexto de transformação acelerada, a captação de investimentos desempenha um papel central. A maioria das startups dependem dos aportes financeiros não apenas para escalar seus negócios, mas também para viabilizar ideias e soluções que têm o potencial de revolucionar mercados e transformar vidas.

Assim, este artigo explora as modalidades mais comuns de investimentos em startups, destacando sua importância vital para o crescimento sustentável dessas empresas e explicando os seus principais benefícios.

Capital Semente

O capital semente é um investimento realizado por empresas ou indivíduos em startups em fase inicial, às vezes, até mesmo antes do desenvolvimento de produto ou serviço. É por meio desse financiamento que muitas empresas conseguem iniciar as primeiras atividades, ajudando a cobrir despesas como aluguel, contratação de membros da equipe e desenvolvimento do produto/serviço. Dessa forma, o capital semente contribui significativamente para o lançamento de um negócio no mercado, desempenhando um papel importante no ecossistema de startups.

O papel dos investidores de capital semente no negócio é muito importante, e vai muito além do impulso financeiro. Isso ocorre porque, muitas vezes, são indivíduos ou empresas que têm credibilidade no mercado devido à sua experiência, o que faz com que eles possam oferecer uma rede de contatos relevante e atrair futuros investidores. Assim, o investimento não só fornece suporte financeiro, mas também valida a ideia de negócio e oferece suporte por meio da experiência do investidor.

No entanto, na fase inicial da empresa, as startups frequentemente não possuem um histórico financeiro consolidado ou evidências que garantam o retorno positivo. Portanto, esse tipo de investimento apresenta um alto risco para o investidor, uma vez que envolve especulações do sucesso do negócio e do mercado.

Por isso, os investidores de capital semente procuram oportunidades de investimento que tenham afinidade com sua área de conhecimento e experiência, além do grande potencial de retorno, já que podem contribuir para o desempenho positivo da empresa. Alguns exemplos de investidores de capital semente incluem investidores individuais (Investidores-Anjos), fundos de capital de risco (venture capital) e programas de aceleração e incubadoras.

Aceleradoras

Aceleradoras desempenham um papel fundamental no apoio às startups. Elas fornecem financiamento inicial em troca de participação acionária, o que ajuda as startups a obter o capital necessário para começar e crescer. Além disso, oferecem orientação especializada e mentoria através de uma rede de mentores experientes, ajudando os fundadores a evitar erros comuns e aprimorar suas estratégias de negócios.

Ainda, as aceleradoras oferecem educação, treinamento, networking e espaço de trabalho compartilhado para startups. Esses espaços oferecem capacitação em tópicos como marketing, gestão, finanças e desenvolvimento de produtos, promovem relacionamentos com investidores e parceiros, e preparam as startups para atrair investimentos substanciais com planos de negócios sólidos e métricas de desempenho atraentes.

Em resumo, essas organizações desempenham um papel vital no apoio ao crescimento e sucesso das startups, fornecendo uma ampla gama de recursos e serviços essenciais. Alguns grandes nomes de corporações que já passaram por aceleração são: Neoway, Transunion e Via Varejo. Elas são case da Darwin, uma aceleradora de Florianópolis, que também acelerou startups como PagueVeloz e Ocean Drop.

Programas de Aceleração:

Programas de aceleração são iniciativas que auxiliam startups em seu crescimento, seguindo etapas fundamentais. Inicialmente, ocorre a seleção das startups com base em critérios como potencial de crescimento e inovação. Em seguida, é oferecido financiamento inicial em troca de participação acionária, fornecendo capital crucial. Além disso, os programas proporcionam mentoria por meio de mentores experientes, treinamento e educação para desenvolver habilidades essenciais e promover networking, possibilitando conexões valiosas com outros empreendedores, investidores e parceiros de negócios. Essa abordagem visa acelerar o desenvolvimento e sucesso das startups.

Investidor-Anjo

O investidor-anjo, geralmente, busca investir parte do seu patrimônio em startups que estão em fase inicial e apresentam grande potencial de crescimento e inovação. Esse investidor, apesar de adquirir uma participação acionária na empresa, não assume nenhum cargo e apenas colabora através de orientações para o sucesso do negócio.

Devido ao caráter pessoal e de alto risco desse investimento, existe um comprometimento maior por parte do investidor com o empreendimento. Além disso, a avaliação da empresa concentra-se principalmente no empreendedor — se ele é confiável, competente e com projeções sólidas. Dessa forma, o investidor assume o compromisso com empresas que atuam na mesma área de experiência e tem um empreendedor confiável.

Venture Capital

O venture capital, também conhecido como capital de risco, é uma modalidade de investimento em que os investidores institucionais, chamados de fundos de venture capital, fornecem capital financeiro em troca de participação acionária nas startups, com o objetivo de impulsionar seu crescimento e inovação.

Além do investimento monetário, os investidores de venture capital também oferecem orientação estratégica e redes de contatos valiosas para auxiliar as startups a atingirem seu potencial máximo, muitas vezes assumindo riscos substanciais em busca de retornos significativos no longo prazo.

Traduzindo essa realidade para os números, os investimentos de venture capital na américa latina em 2021 chegaram a 18 bilhões de dólares, de acordo com o “The LatAm Digital Report” — mais que o dobro do valor de 2018. Isso demonstra um aumento do apetite dos investidores para riscos, assim como uma maior facilidade para startups levantarem capital direcionado ao seu crescimento. Alguns dos maiores fundos de venture capital na américa latina são a Kaszek, a Bossanova, a Astella e a Monashees.

Private Equity

Private equity é uma estratégia de investimento em empresas que busca adquirir participações em companhias não listadas na bolsa de valores. A principal diferença entre o private equity e outras formas de investimento está no objetivo: enquanto ações de empresas cotadas em bolsa são compradas e vendidas publicamente, o private equity envolve a compra de uma parcela significativa ou total de uma empresa que não possui capital aberto e, por isso, não está disponível para o público em geral.

Isso permite que os investidores de private equity tenham um controle direto sobre a gestão e operações da empresa, com o objetivo de melhorar seu desempenho e, eventualmente, vender a empresa com lucro.

No contexto das startups, o private equity é geralmente relacionado com o investimento em empresas mais maduras, que precisam de mais capital e experiência de gestão para crescer. Essa abordagem visa acelerar o crescimento e preparar a empresa para uma saída lucrativa no futuro, beneficiando tanto os investidores quanto os empreendedores.

Aplicação no Contexto das Startups:

No contexto das startups, o processo de investimento em private equity envolve vários estágios e elementos cruciais. Primeiro, os investidores buscam oportunidades em startups maduras, que já passaram pelas fases iniciais de validação de mercado e têm um modelo de negócios sólido, produtos definidos e receita crescente. Eles fornecem um investimento significativo em troca de participação acionária substancial, o que permite às startups expandirem operações, investirem em pesquisa e desenvolvimento e fazerem aquisições estratégicas. Além disso, os investidores de private equity assumem um papel ativo na gestão das startups, trabalhando de perto com a equipe diretiva e aplicando sua experiência para atingir metas específicas. O ciclo de investimento tem um horizonte de médio a longo prazo, visando aumentar o valor da startup, e a saída ocorre tipicamente por meio de venda a terceiros, listagem em bolsa ou recompra, gerando retornos substanciais. Embora haja riscos associados, a gestão ativa e o potencial de recompensas significativas tornam o private equity uma estratégia atrativa para investidores em startups maduras.

Conclusão

Neste texto, exploramos as cinco principais modalidades de investimento buscadas por startups: capital semente, investimento-anjo, venture capital, private equity e aceleradoras. Cada uma delas desempenha um papel fundamental no ecossistema empreendedor, oferecendo recursos, orientação e oportunidades de crescimento para empresas em diferentes estágios de desenvolvimento.

Como empreendedores, a compreensão dessas opções de levantamento de capital é crucial para tomar decisões informadas e trilhar com sucesso o caminho da inovação. Lembre-se sempre: não importa em qual fase da jornada empreendedora você se encontra, há um investidor ou uma modalidade de investimento que pode ser a chave para o seu sucesso.